Veja se você está sendo vítima de “stalking” e saiba o que fazer

Crime ganhou repercussão após médico ser perseguido por cinco anos em MG; temática é retratada na série “Bebê Rena”, da Netflix

Nesta semana, um caso envolvendo uma mulher que foi presa por stalking depois de perseguir durante cinco anos um médico e sua família em Minas Gerais chamou atenção e repercutiu nas redes sociais.

A prisão da mulher também acontece em meio a um outro conteúdo que viralizou: a série “Bebê Rena”, da Netflix. A obra, baseada em fatos reais, mostra a interação de um homem com sua stalker e a dependência criada a partir dessa “relação” .

Mas afinal, o que é um stalker e como ele se comporta?

O conceito foi amplamente difundido e popularizado na internet, mas pode se manifestar por várias formas de aproximação não desejada. A CNN conversou com alguns especialistas que explicam como esse crime se configura, comportamentos comuns de envolvidos na situação e o que fazer caso isso esteja acontecendo com você.

A repetição do ato de perseguir o outro, seja no ambiente virtual ou na vida fora das telas, é aquilo que caracteriza a ação de “stalking”.

“É a conduta que se repete de alguém que perturba a privacidade ou liberdade de outra pessoa”, explica Rafael Paiva, professor de Direito Penal e Processo Penal.

Não há um tempo específico para que a perseguição obsessiva seja configurada como crime.

“A frequência e a intensidade das ações são consideradas na avaliação do comportamento do agressor”, destaca André Santos Pereira, Presidente da ADPESP, Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.

Aspectos psicológicos
Ser vítima de stalking pode impactar desde a autoestima de uma pessoa, até questões mais graves como o desenvolvimento de transtornos psicológicos.

“Pode desencadear diversos gatilhos mentais que podem se estender e impactar no seu ambiente de trabalho, locais de convivência social, mídias sociais, vínculos familiares, entre outros” esclarece Beatriz Vieira, psicóloga cognitivo comportamental.

Perseguidores são pessoas com comportamentos obsessivos que decorrem de pensamentos obsessivos. A psicóloga esclarece que são pessoas inicialmente convincentes, que criam histórias que poderiam até ser reais, porém que estão distantes de serem a realidade.

“É como se ele distorcesse a realidade para alguma outra que lhe agrade mais como forma de sanar outras questões emocionais mais profundas” complementa a psicóloga.

Por outro lado, vítimas de “stalking” também apresentam comportamentos que podem ser percebidos por amigos e familiares. A vítima pode desenvolver transtornos psicológicos como TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada), Síndrome do Pânico, Fobia Social, entre outros.

“É muito comum que a vítima se culpe pelo que aconteceu, pelas pessoas que acabam envolvidas e afetadas na situação e pela falsa sensação de que poderia ter feito algo diferente” conclui Beatriz.

Desafios para investigar e comprovar o crime
A demora na condenação de uma mulher pelo crime de perseguição contra um médico em Minas Gerais escancara os desafios que cercam a investigação e punição de casos de stalking no Brasil.

Entre os principais obstáculos, especialistas citam a falta de conscientização sobre o tema, a complexidade na coleta de provas e a dificuldade em provar a intenção por parte do agressor.

Quem se identificar como vítima de stalking deve comparecer a uma delegacia de polícia e registrar a ocorrência. É importante apresentar todos os elementos de prova que tiver.

“Se a vítima for mulher, deve preferencialmente procurar uma delegacia especializada em atendimento à mulher e, se for viável, requerer medidas protetivas de urgência”, destaca Enzo Fachini, advogado e mestre em Direito Penal.

No combate ao stalking, o cuidado na coleta de provas é essencial para garantir que a justiça seja feita. Testemunhas, registros de ligações e mensagens, imagens de câmeras de segurança e até mesmo provas digitais, como prints de redes sociais, podem ser determinantes na condenação do agressor.

É necessário também manifestar interesse em ver o autor da perseguição investigado. A Justiça estipula um prazo determinado para que vítimas representem contra seus agressores.

“É preciso que, em 6 meses, a vitima manifeste formalmente o seu desejo de representar contra o perseguidor” destaca o professor Paiva.

Fonte: CNN Brasil

Related Posts

Leave a Reply